domingo, 2 de abril de 2017

PSDB sem ética...

PSDB já não é o que foi e não sabe o que o será

O PSDB vive uma crise existencial. Tornou-se o pior tipo de ético o tipo que não consegue enxergar a ética no espelho. Houve tempo em que o partido se vangloriava até de sua divisão interna. Cada arranca-rabo para a escolha de uma candidatura tucana era tratado como um marco civilizatório na vida política nacional. Dizia-se que uma disputa interna entre Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra só trazia vantagens, pois nenhuma outra legenda podia levar à vitrine contendores tão qualificados. Agora, o tucanato se esforça para medir não a qualificação dos seus pássaros, mas a quantidade de lama que cada um traz sobre a plumagem.

Até ontem, o PSDB apresentava-se como campeão da moralidade. E se atribuía o direito de denunciar os adversários como salteadores. Apanhados com a asa na arca da Odebrecht, os tucanos protegem-se alegando que caixa dois não é corrupção. Suprema ironia: na crise do mensalão, o tucanato achou que poderia sangrar Lula e varrer para baixo de sua hipocrisia a aliança do seu presidente Eduardo Azeredo, com Marcos Valério. Na era do petrolão, o ninho acha natural ecoar o lero-lero da verba “não-contabilizada” do tesoureiro petista Delúbio Soares. Mandou a credibilidade para o beleléu.

Nas pegadas da derrota apertada de Aécio Neves em 2014, o PSDB foi ao Tribunal Superior Eleitoral. Acusou a coligação adversária de prevalecer na base do abuso do poder político e, sobretudo, econômico. Pedia, então, a cassação da chapa Dilma-Temer e a posse da chapa Aécio-Aloysio Nunes, segunda colocada. O tempo passou. Sobreveio o impeachment. Tucanos viraram ministros. E o PSDB pede ao TSE que condene Dilma à inegibilidade, mas livre Temer da guilhotina. Sustenta que o dinheiro sujo que bancou a continuidade da madame não contaminou a reeleição do seu substituto constitucional.

Sem ética, sem credibilidade e sem nexo, o PSDB já não é o que foi ou imaginava ser. E ainda não sabe o que será. Deve doer em Aécio Neves, Alckmin e Serra a idéia de encenar o papel de políticos que fazem pose de limpinhos numa peça imunda. Meteram-se num enredo em que o personagem principal é a Odebrecht e cujo epílogo é uma candidatura presidencial do prefeito João Dória fazendo cara de nojo e alardeando na televisão que é um empresário e não um político.

O PSDB antes imaculado, cheio de virtudes peregrinas, só gente de bem, tornou-se um partido sem ética, sem nobreza de princípios. Aliou-se ao pior partido politico do Brasil, o PMDB, segundo Ciro Gomes, um “ajuntamento de bandidos”. O PSDB se perdeu no caminho da corrupção, tomou gosto pelo mal feito e perdeu sua identidade. Antes incorruptível, juntou-se a todo tipo de partido, tudo na ânsia desenfreada de chegar ao poder.
(Sob um texto de JOSIAS DE SOUZA, do site UOL de 02.4.17). 





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